24 de Outubro de 2009
Eis-nos regressados ao vale do Bestança que nos acolhe depois de um Verão quente em que os incêndios ( criminosos uns, negligentes outros ) entristeceram a paisagem e empobreceram a floresta do vale. Mas há ainda soutos preservados e carvalhais que resistem ao tempo e à incúria. Árvores de porte nobre e vetusto que ousam enfrentar os séculos e marcar o ritmo da vida e das estações. Cobrem-se agora de tons ocres e amarelecidos emprestando à paisagem um matiz colorido de variegadas tonalidades. É em busca dessa cor, da luminosidade que baila nas copas e nas folhas das árvores, que percorreremos caminhos e veredas com alegre disposição.
Veja as fotografias em baixo.
Aconselha-se capa e calçado impermeável caso o tempo esteja húmido e ainda uma muda de roupa e calçado para a noite.
N.B. É já proverbial a épica caçada aos gambuzinos, ao crepúsculo. Quem quiser participar - só mesmo os mais bem preparados e intrépidos -, deve trazer lanterna, rede e saco próprio com guizo. O ano passado – é consabido – só o Sr. Alfredinho dos Abílios ( que deseja permanecer no anonimato ) logrou apanhar um ou dois, ou um casal, não se sabe muito bem, mas como não pretende prestar declarações não foi possível escarafunchar o caso e como tal não o podemos divulgar com a assertividade desejada.
É claro que há quem vozeie que os gambuzinos não existem, mas não devemos dar crédito a esses ditos. São sequazes de Pirro e das teorias dubitativas do seu caudilho que têm é inveja de nunca terem apanhado um sequer.
Sem mais delongas, preâmbulos nem volutas argumentatórias, apreste-se e participe.
Incrível! Inaudito!
Várias pessoas que pretendem inscrever-se na caminhada da castanha e dos centeeiros têm suscitado dúvidas sobre a existência concreta dos gambuzinos, questionando a direcção da ADVB sobre a veracidade dos mesmos e se não estaremos a "enganar meninos".
Que fique bem claro.
No dicionário ilustrado, lê-se: "Gambuzino: pequeno mamífero quadrúpede, ambulípede, de pêlo azeviche e com rabo a-dar-a-dar. Vive em habitats húmidos e secos".
Num outro dicionário, lemos: "Gambuzino: mamífero ambliope, de pêlo ametístico com véu amictório no peito de cor baça. Habita soutos e soutelos e tem hábitos crepusculares. É veloz”.
Esperamos que as dúvidas fiquem esclarecidas.
Também questionam a utilidade de trazer um saco com guizo!
Aí pedimos desculpa aos mais inexperientes, mas julgámos que fosse consabido que o guizo é para atordoar o gambuzino. Também pode ser usado um pequeno sino ou sineta. O gambuzino ouve o som metálico, estridente, e languesce começando a revirar os olhos. Pronto, depois é só apanhá-lo e metê-lo no saco. O saco deve ter ranhuras estreitas para o capturado respirar, senão morre com aquilo a que, nos hodiernos tempos, se chama de "asfixia democrática".
Após insistências diversas e muitas diligências diplomáticas, o Sr. Alfredinho dos Abílios lá acedeu em divulgar uns bosquejos do gambuzino que um dia apanhou. Foi preciso apelar ao seu sentimento patriótico - ofereceu-se-lhe um cargo num gabinte de um futuro ministro do Governo da República - e ele, banhado em lágrimas porque a Pátria acima de tudo, divulgou o que agora todos podemos ver. O mundo está em suspenso e a comunidade científica em sobressalto. Os telefones da ADVB não para de tocar e os serviços admnistrativos não vencem tantas interpelações, mesmo internacionais. A última veio das ilhas Aleutas e a primeira foi logo do Biafra. Saibamos agora gerir tamanha responsabilidade no meio de tão inusitado sucesso. E toca a procurá-los no dia 24!