Associação para a Defesa do Vale do Bestança

A Sagração da Primavera no Vale do Bestança

10 de Abril 2010


Na pressa do festim...

Ver fotografias em baixo.

Este ano – ano internacional da biodiversidade - iremos percorrer o troço superior do vale do Bestança na descoberta do pulsar primaveril. Caminharemos sob densos carvalhais, atravessaremos vetustos soutos, fotografaremos as prímulas e os lírios silvestres ouvindo em fundo o apressado marulhar das águas límpidas do rio. Visitaremos as fragas de Panavilheira ( há quanto tempo aqui não vamos! ) a que acederemos por estreita levada ( para recordar a Madeira ). Eis num sítio que nos convida a uma paragem. Atentemos na vida que nos rodeia: a vida das árvores, das flores, dos pássaros, das libélulas em voos graciosos, das borboletas delicadas no festim do pólen, do melro-de-água que sobe o rio em voo rasante à procura de insectos. Tudo é esplendor!

Revisitaremos Soutelo e Bustelo apreciando a tipicidade destas aldeias montemuranas. Faremos ainda o caminho de Bustelo à Granja, um dos mais belos percursos do Bestança. Tem de tudo: motivos religiosos, belas paisagens, árvores centenárias, bela ponte de cantaria, muros musgentos a ladear os caminhos de lajes puídas e relheiras fundas dos carros de vacas e água, sempre água, a água que dá vida ao vale.

É esta vida e a biodiversidade resultante que queremos evidenciar com esta actividade, além da divulgação da beleza natural e patrimonial Cinfanense.

E a Lénia e o Luís vão concretizar esse intento plantando uma árvore no recinto da nossa sede. Uma belíssima ideia que tiveram e que muito aplaudimos. A não perder, pela vida, pelo vale, pela biodiversidade pela qual todos devemos agir.

Programa

  • 9H00 – Concentração no cruzamento da Granja ( Tendais );
  • 9H15 – Início da caminhada
  • Percurso: Granja, fragas de Penavilheira, ponte de Soutelo sobre o Bestança - paragem para pequeno-almoço - , Soutelo e daqui pelo caminho velho na margem direita do Bestança até Bustelo fazendo depois um pequeno troço do caminho que levava à Gralheira –, paragem algures neste traçado para almoço. Regresso à aldeia para encetarmos o caminho que nos conduzirá de volta à Granja.
  • 13H00 – Almoço ( possibilidade de tomar café na aldeia de Bustelo, para os mais dependentes ).
  • 18H00 Chegada à Granja
  • 19H00 – Jantar na sede, em Vila de Muros
  • 21H00 – Plantação de uma nespereira no recinto da sede da ADVB, seguida de uma surpresa muito,muito bonita!

Inscrições

Inscrições até ao dia 8 de Abril de 2010.

Sócios: isentos

N/ sócios: 5,00€

Jantar: 10,00€

Contactos: 96 8013140, 91 7535 075, 91 7619 080.

Informações

Os participantes devem trazer:

  • Roupa e calçado leve; almoço: protector solar e chapéu ( no caso de dia soalheiro ), botas impermeáveis; máquina fotográfica, barra de chocolate, garrafa de água.
  • Evite enlatados.
  • Proibido: colher ou cortar plantas e flores.

Grau de dificuldade: Médio/alto.

Extensão: 12 Km. Percurso com descidas e subidas acentuadas por caminhos íngremes. Subida condicionada ( risco de queda ) ao topo das fragas de Penavilheira. Aconselha-se a observação do sopé das fragas, na margem esquerda do Bestança, donde é possível fotografá-las.

Fotografias

Algumas notas…

A caminhada “ SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA” deste ano foi a mais bonita que alguma vez a Associação para a Defesa do Vale do Bestança organizou em Cinfães.

O dia esteve excelente, soalheiro e com temperatura amena. A Primavera é que se manifestou muito timidamente já que as árvores estavam revestidas de escassa folhagem, mas vimos muitas prímulas nas vertentes e outras flores silvestres que emprestaram um tom multicolor à paisagem.

Começámos na aldeia da Granja logo descendo por caminho lajeado até à ponte de Soutelo. O Bestança corria caudaloso e de águas cristalinas. Subimos para a aldeia por caminho íngreme e de acentuado desnível. Admirámos as leiras da Granja e a verdura dos pastos. Na aldeia tomámos uma canada que nos levou a passar umas fragas situadas na margem direita do ribeiro Santo e donde se avista uma boa parte do vale. Atravessámos a EM e seguimos por um caminho ora em pedra ora em terra cotiada, por meio de florestas de carvalhos e soutos, até alcançarmos uns moinhos na margem direita do Bestança, num sítio denominado Costa Limpa. No percurso admirámos seculares castanheiros, de porte soberbo, tão grande que três homens com as mãos dadas os não conseguem abraçar. Goethe, no livro “ Os sofrimentos do jovem Werther”, pela voz de um personagem, dizia: “- Se eu fosse príncipe importava-me bem com as árvores do meu país”. Estes castanheiros merecem bem que nos importemos com eles. Tantas gerações já os viram e tantas outras os verão a não ser que qualquer vileza contra eles se cometa. Oxalá que não e que sejam protegidos.

Dos moinhos do Bestança – já desactivados e em ruína – subimos por caminho a pique até Bustelo, sempre com o Douro majestoso ao fundo. Um enquadramento paisagístico inolvidável. Na aldeia, passámos pelo adro da igreja, onde podemos admirar dois sarcófagos medievais, dirigimo-nos à famosa eira da laje e seguimos pelo caminho que levava à Gralheira para almoçarmos num viçoso lameiro as vitualhas que carregámos desde o início e que nos souberam pela vida. Alguns tiraram uma soneca, retemperando forças. Descemos de novo à aldeia pela borda de uma levada, onde encontrámos um magnífico exemplar de moinho inverneiro, coberto de colmo e com a cale em pedra, presa por grampos de ferro. Fizemos uma paragem para café ( fez mais a dona do estabelecimento em 30m que durante toda a semana ), após o que tomámos um caminho que de Bustelo leva à ponte sobre o Bestança e daqui à Granja, onde iniciámos o percurso e deixámos os carros.

Regressámos à sede, em Vila de Muros, onde ao cair da tarde a Lénia e o Luís plantaram uma nespereira simbolizando o respeito pelas árvores e pela biodiversidade que deve caracterizar as nossas acções, assim finalizando o dia e a actividade.

Eis é um traçado de elevado interesse patromonial e paisagístico. Tem de tudo: caminhos lajeados e bem conservados, canadas, soutos, carvalhais, motivos religiosos e belíssimos exemplos de arquitectura tradicional, como os moinhos e as pontes, aldeias acolhedoras e gente muito hospitaleira. E água, muita água, símbolo de vida sempre presente que se ouve e se sente em cada momento. Reúnem-se todas as valências para a criação de um ponto turístico de interesse municipal promotor de um verdadeiro desenvolvimento sustentável da região, assim os residentes sejam implicados nesse projecto.

Fica o registo na ADVB e a satisfação de termos promovido um dos mais belos passeios pelo Bestança, o vale mais bonito do país porque não há outro igual.

A observação mais pertinente do dia que levou a um momento de notável boa disposição: A dada altura do percurso, já no casco da aldeia de Bustelo, uma voz delicada pergunta com surpresa: - Ó, Ó Presidente, quem é este senhor J.F.B. que fez tantos fontanários?!

A interpelante em causa ainda levou a mão à boca, mas as palavras, velozes que nem abelhas, tinham já saído numa sonoridade que só foi suplantada pela gargalhada geral dos presentes!

À soleira da porta, em amena cavaqueira, desfrutando o sol e o R.S.I. do Governo!