Associação para a Defesa do Vale do Bestança

Pelo Trilho das Levadas na Ilha da Madeira

A Associação para a Defesa do Vale do Bestança propõe neste ano de 2010 uma caminhada na Ilha da Madeira, uma incursão pelas magníficas Levadas, sítios de inegável interesse paisagístico e ambiental. É uma forma de contactarmos também com outros caminheiros, outras colectividades e levarmos longe o nome da ADVB, do Bestança e de Cinfães através de uma divulgação que promova também uma visita ao rio Bestança, ao Montemuro, ao concelho de Cinfães por parte de caminheiros de outras paragens.

Ver fotografias em baixo!

Informações Importantes !

Aconselha-se:

  • Levar roupas quentes, mas leves
  • Impermeável
  • Um par de calças de caminhada
  • Botas impermeáveis
  • Lanterna para a travessia de túneis
  • Água para as caminhadas
  • Alimento suplementar ( chocolates, frutos secos, fruta ). Desaconselhável o uso de enlatados.

Os almoços nas caminhadas - tipo piquenique - serão fornecidos pela organização.

Comparência dos participantes no aeroporto Francisco Sá Carneiro, às 20H10, duas horas antes do horário do voo, devendo cada um ser portador de documentação pessoal.

Programa

Partida: 18 de Março – Saída do Porto no voo TAP AIR PORTUGAL 1581, às 22H10

Regresso: 21 de Março – Saída do Funchal no voo TAP AIR PORTUGAL 1580, às 17H00

Comparência no aeroporto Francisco Sá Carneiro duas horas antes do embarque.

Preço por px: 525,00€, podendo sofrer pequena alteração devido a taxas de aeroporto e dependendo do dia de aquisição dos bilhetes.

Suplemento quarto individual – 80,00€

Hotel: WINDSOR - Funchal

Regime: Tudo incluído.

Prazo de inscrição: Inscrições encerradas. Atingido limite de inscrições.

Trilhos

19 Março: Pico do Areeiro/Pico Ruivo/Achada do Teixeira; Grau dificuldade: Difícil.

20 Março: Rabaçal/Risco/25 Fontes; Grau dificuldade: Médio alto.


Madeira - Descrição de uma Viagem para Sempre

Antes do mais um justo e merecido agradecimento ao nosso associado Agostinho Albergaria e à mulher Eduarda que tanto carinho puseram nesta fantástica viagem que organizaram para a Associação para a Defesa do Vale do Bestança, nos dias 18 a 21 de Março de 2010. O nosso muito obrigado. Assim como aqui deixamos os nossos agradecimentos ao associado e presidente do núcleo de Coimbra da ADVB, Gavino Vaz Pedro, incansável promotor também desta inolvidável viagem.

Querem saber como correu? Então sentem-se que o relato merece uma leitura confortável, que foi coisa que não tiveram os participantes na aterragem no Funchal. O avião, baptizado de “Aquilino Ribeiro”, descolou do Porto à hora: 22H10. Sobrevoámos o Atlântico em alegre algazarra e boa disposição. Alguns jantaram. A dada altura o comandante T. informa-nos que iríamos aterrar dentro de cinco minutos. Apertámos os cintos e esperámos. Só que o avião continuou a voar por mais de quinze minutos até que o comandante informa que devido a ventos cruzados não foi possível o avião fazer-se à pista. Continuaríamos a voar por mais dez minutos esperando melhoria nas condições atmosféricas. Encetou nova descida e nova aproximação à pista. Silêncio a bordo. O avião faz-se à pista mas levanta logo de seguida ganhando altitude. Contrariedade geral. Nova informação: iríamos para Porto Santo abastecer a aeronave e esperar melhoria do tempo. Assim foi. Dois passageiros desceram as escadas e foram levados por uma ambulância. Alguns elementos do grupo começavam a ficar também indispostos e vieram para a escada apanhar ar. Ventos fortes. Volvido algum tempo levantámos voo de novo. Turbulência. Indisposição séria do presidente até que perde parte do jantar. O avião faz-se de novo à pista, quase a toca mas levanta de novo a pique perante o desespero dos passageiros. Alma caridosa dá uma pastilha ao presidente que a toma como um náufrago agarra uma tábua. O avião volteia sobre o Atlântico. Alguém tenta ir à casa de banho. A hospedeira responde: - Agora só lá acima. – Só lá acima -, diz o vice-presidente, apontando para o céu, persignando-se. O presidente piora. A hospedeira aproxima-se e diz, bradando: - Meu Deus, este homem está verde! Acorre mais pessoal de bordo trazendo açúcar e um copo de água. O presidente perde a sobremesa do jantar. Fica hirto e frio. Preocupação. O comandante informa que se fará a quarta e última aproximação à pista. Um cavalheiro, que de aviões, talvez, só soubesse que voam, disse peremptório: “ O piloto tem de tentar, ele tem de tentar!”. Ventos fortes. O avião faz-se ao solo no meio de forte turbulência e faz uma aterragem conturbada. Mas lá parou e houve aclamação geral. Eram 3H30. Ninguém se aleijou, parafraseando o nosso estimado N.Monteiro.

O presidente levanta-se a custo tomado de inegável palidez. Mas aguentou e superou a provação como só os grandes líderes o fazem, aqueles a quem a coragem não mingua nos momentos acrisolados, esses gloriosos timoneiros. Esteve à altura ( mais de 11 mil metros!) Para quê ser imodesto! Com qualquer outro dos demais, se tivesse passado tal provação estaria a estas horas com os anjinhos! Essa é que era essa! Chegada ao Hotel que até tinha água quente e pão ao pequeno-almoço! Pressa em irmos para a cama. Mas o recepcionista resolveu ser burocrata. Cada um na sua vez e chamados pelo apelido. Pouca simpatia. Até que chama pelo Silva. Mas quem era o Silva. Nem o Silva se lembrava que era Silva, o G. V. P. Silva, o Senhor Silva! Tempo roubado ao sono.

No dia seguinte chegou a Leonor, a nossa guia. Uma guia muito, muito simpática que nos acompanhou durante a nossa estada na Madeira. Ida de autocarro para o Pico do Areeiro e daqui para o Pico Ruivo e Achada do Teixeira. Tempo horrível com ventos fortes e nevoeiro cerrado. Encetámos a marcha em fila indiana e assim nos mantivemos até praticamente ao final da caminhada. Tal foi o mau tempo que nem paragem para almoço tivemos. Subidas e descidas íngremes por degraus escavados no solo vulcânico. Ventos cruzados obrigavam-nos a ter muito cuidado e a agarrarmo-nos aos cabos de aço que, nalguns pontos, serviam de corrimão. A chuva encharcou-nos de alto a baixo. Percorreu-se mais de uma dezena de quilómetros sob denso nevoeiro, adivinhando os abismos que ladeavam os caminhos, fustigados por uma chuva penetrante trazida por ventos traiçoeiros. Perigosa caminhada.

Chegada ao Funchal ao fim da tarde. Descanso merecido.

No dia 19 fizemos a levada das 25 Fontes. Tempo melhor. Chuviscos e sol à mistura. Saímos do Rabaçal e percorremos a levada até à ponte do Risco. Paisagens deslumbrantes. Almoçámos no sopé de uma bonita queda de água. Fizemos o percurso de regresso atravessando um túnel com extensão aproximada de 600m. Caminhada mais serena.

À noite jantámos espetada e comemos o famoso bolo do caco.

No domingo aproveitou-se para melhor conhecer o Funchal, gozarmos do Sol, admirarmos as bonitas árvores floridas, a mais bela das quais a chama da floresta, e verificarmos que a solidariedade madeirense supera toda e qualquer adversidade. Afadigaram-se em limpezas e reparações que cedo deram à cidade o seu ar ordenado, bonito e hospitaleiro cedo recuperado após as terríveis enxurradas de há um mês atrás. O regresso ao continente efectuou-se num voo calmo a bordo do avião “Mouzinho da Silveira”.

Foi uma viagem fantástica que só pecou pelo facto de não termos podido ver as belíssimas paisagens entre o pico do Areeiro e pico Ruivo.

Não terá sido uma manha do tempo para voltarmos à Madeira um dia? Quem sabe, uma viagem nunca é a última.

E agora algumas imagens:

Fotografias

Pudemos constatar a enorme abnegação e solidariedade dos Madeirenses após a tragédia de que foram vítimas. Todos se uniram na remoção de escombros e inertes e revitalizaram a cidade do Funchal e zonas afectadas com grande celeridade superando as vicissitudes com notável entreajuda. Muitos ajudaram também. O nosso apoio traduziu-se na ida à Madeira. Foi a melhor homenagem que pudemos prestar. Estar lá, ir lá apesar da tragédia. Estamos contentes por isso e sentimo-nos solidários. É este também o espírito da Associação para a Defesa do Vale do Bestança e dos seus ASSOCIADOS.